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Autor: Gustavo Spina
Autor: Gustavo Spina
De acordo com o dicionário Aurélio de língua portuguesa, Perfeição
é um substantivo qualitativo significando “o grau de excelência, bondade ou
beleza a que pode chegar alguma coisa” [1]. Filosoficamente, o conceito de
perfeição é muito mais amplo, e já foi bastante discutido, passando por nomes
como Santo Agostinho e Leibniz.
No âmbito social, em nosso cotidiano, a perfeição é um conceito de
uso subliminar, diário e, paradoxalmente, quase nunca discutido. Isso se deve
ao fato de que, basicamente, este conceito é cega e popularmente aceito e,
concomitantemente a isto, possui fundamentação teórica extremamente grande e
difícil. Analisemos.
Começando pelo primeiro motivo, o conceito de perfeição é
intrinsecamente ligado ao conceito de Deus, ou deus. Uma vez que vivemos em um
mundo majoritariamente monoteísta [2], é de se esperar que qualquer conceito
que circunde esta atmosfera seja popular e cegamente aceito. Chegando ao
segundo motivo, basta que façamos uma rápida pesquisa no Google para nos
depararmos com uma infinidade de grandes nomes da Filosofia mundial despendendo
páginas e mais páginas acerca deste conceito. Sua complexidade teórica é
assombrosa e, portanto, vai na contramão de uma ideia corriqueiramente
discutida. Dessa forma, apesar de utilizarmos este conceito o tempo todo,
afirmando que algo ou alguém é perfeito ou imperfeito, nem ao menos sabemos do
que realmente se trata a perfeição.
Vamos então despender mais algumas linhas para compreendermos um pouco
melhor este conceito, de forma simples, mas chegando a conclusões muito
interessantes.
Vamos inspecionar este conceito verificando sua natureza e
unicidade. Quais os fundamentos básicos acerca da perfeição? Seria a perfeição
uma característica única? O intuito deste pequeno artigo é explorar de forma
superficial o conceito a fim de definir seus alicerces e descobrir se é
possível haver graus ou tipos diferentes de perfeição.
O conceito de perfeição é um compilado de muitos outros conceitos,
é uma qualidade suprema, feita de inúmeras outras qualidades. A perfeição é uma
característica que abrange diversas outras, mas, podemos definir seus pilares
fundamentais os conceitos de “máximo” e “infinito”. A perfeição deve ser
entendida primordialmente como uma qualidade máxima e infinita. Tudo o mais que
pertencer à qualidade da perfeição deverá, portanto, ser máximo e infinito.
Como exemplo, se incluirmos a característica de bondade à perfeição, esta
bondade deverá então ser máxima e infinita. Desta forma, por definição devemos
assumir que nenhuma outra bondade é maior ou igual (nada é maior ou igual que o
infinito) nem melhor (não há como ultrapassar o máximo de uma qualidade). Isto
responde, automaticamente, ao nosso segundo questionamento. Através de seus
pilares fundamentais, a perfeição se caracteriza única, não deixando a hipótese
de haver mais de um tipo ou diferentes graus de perfeição no mundo das
possibilidades reais.
Para simplificar o entendimento, vamos fazer uma representação
pictórica do conceito de perfeição como uma escala de medida em metros: suponhamos
que, nesta escala de medida que criamos, a máxima medida em metros corresponde
à perfeição. Para iniciar a disputa, imaginemos que se levante a opinião de que
o Sol, de nosso sistema solar, seja tido como perfeito. Nosso Sol de fato é uma
estrela muito grande, com um diâmetro de cerca de 1.392.000 km [3]. Entretanto,
vasculhando um pouco mais o universo, nos deparamos com a estrela Antares,
aproximadamente 700 vezes maior que nosso Sol [4]. Sendo assim, o Sol deixa de
ser perfeito, dando lugar à nova perfeição: Antares! Nada pode ser maior. Será?
E o espaço percorrido entre o nosso Sol e Antares, não é muito maior do que
qualquer uma dessas estrelas?
Enfim, para toda e qualquer distância absurdamente grande
candidata ao título de perfeita, sempre poderemos adicionar mais alguns
centímetros, e assim por diante ad
infinitum. Como não há, fisicamente, um limite superior em metros, somente um
tamanho infinito corresponderia, neste nosso exemplo hipotético, a um tamanho
perfeito. Qualquer distância próxima ao limite máximo, será inferior a este e,
portanto, imperfeita (e não com algum grau de perfeição ou com algum outro tipo
de perfeição).
Sendo assim, podemos estender essa compreensão para toda e
qualquer qualidade que desejarmos incluir como parte integrante da perfeição: a
bondade, a sapiência, a potência etc. Quais serão as implicações quando
tentamos aplicar o conceito de perfeição a um ser?
[1] - https://dicionariodoaurelio.com/perfeicao Acesso em: 25 Mar. 2018
[2] - http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/04/brasil-e-3o-pais-onde-mais-se-cre-em-deus-em-pesquisa.html Acesso em: 25 Mar. 2018
[3] - http://www.ultimatescience.org/qual-e-o-tamanho-do-sol/ Acesso em: 25 Mar. 2018
[4] - http://www.apolo11.com/escala_planetas.php Acesso em: 25 Mar. 2018
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