Prefiro
ser
Essa
metamorfose ambulante
Eu
prefiro ser
Essa
metamorfose ambulante
Do
que ter aquela velha opinião
Formada
sobre tudo
Do
que ter aquela velha opinião
Formada
sobre tudo
Eu
quero dizer
Agora
o oposto do que eu disse antes
Eu
prefiro ser
Essa
metamorfose ambulante
Do
que ter aquela velha opinião
Formada
sobre tudo
Do
que ter aquela velha opinião
Formada
sobre tudo
Sobre
o que é o amor
Sobre
o que eu nem sei quem sou
Se
hoje eu sou estrela
Amanhã
já se apagou
Se
hoje eu te odeio
Amanhã
lhe tenho amor
Lhe
tenho amor
Lhe
tenho horror
Lhe
faço amor
Eu
sou um ator
É
chato chegar
A
um objetivo num instante
Eu
quero viver
Nessa
metamorfose ambulante
Do
que ter aquela velha opinião
Formada
sobre tudo
Do
que ter aquela velha opinião
Formada
sobre tudo
Sobre
o que é o amor
Sobre
o que eu nem sei quem sou
Se
hoje eu sou estrela
Amanhã
já se apagou
Se
hoje eu te odeio
Amanhã
lhe tenho amor
Lhe
tenho amor
Lhe
tenho horror
Lhe
faço amor
Eu
sou um ator
Eu
vou desdizer
Aquilo
tudo que eu lhe disse antes
Eu
prefiro ser
Essa
metamorfose ambulante
Do
que ter aquela velha opinião
Formada
sobre tudo
Do
que ter aquela velha opinião
Formada
sobre tudo
Um dos métodos mais simples e,
portanto, um dos primeiros meios pelos quais a humanidade começou a “fazer
ciência” foi através da observação de como a natureza funciona. A partir disto,
de tentarmos entender aquilo que estamos enxergando bem diante de nossos olhos,
surgiram as bases para a formulação de nossas primeiras hipóteses – palpites
sobre como as coisas funcionam – e nossas primeiras grandes descobertas.
Com o passar do tempo, até
chegarmos aos dias de hoje, nossa forma de se “fazer ciência” mudou
completamente, mas, ainda assim, observar como a natureza funciona, ainda que
com o uso de tecnologias jamais pensadas há milhares de anos atrás como
telescópios e aceleradores de partículas, continua sendo uma das melhores
maneiras de aprendermos.
Entre as inúmeras coisas que
pudemos aprender observando a forma como a natureza funciona é a importância da
mudança. Em toda a história evolutiva da vida, desde os primeiros seres
unicelulares que habitavam a Terra até chegar à diversidade e complexidade de
formas de vida que existem hoje por aqui, os genes – protagonistas desta
história – só foram capazes de fazê-la através da mutação genética.
Ao se replicar, um gene cria uma
cópia de si mesmo. O objetivo aqui é criar uma cópia idêntica, para que ambos
criem novamente cópias idênticas de si mesmos, e assim sucessivamente, com o
objetivo de se proliferar. No entanto, no ato de uma replicação, podem ocorrer
erros, ocasionando em um novo gene: uma cópia do anterior, com uma parcela
diferente gerada pelo erro, fenômeno aleatório denominado de “mutação genética”.
Sem mutações ou, se preferirmos, mudanças nos genes durante sua
autorreplicação, todos os genes teriam sidos completamente idênticos, e não
poderiam usar suas diferenças entre si para se organizarem em grandes grupos
distintos, formando características de seres vivos em cada vez maior número,
com cada vez maior complexidade tal qual realmente aconteceu.
Em outras palavras nós, por
exemplo, seres inteligentes e de alta complexidade estrutural só existimos por
que a forma como a natureza genética trabalhou e continua trabalhando desde os
primórdios da vida utiliza, ainda que de forma acidental, a mudança!
Fazendo o uso de nossa
inteligência e colocando a razão sobre esta atitude genética impensada, podemos
aprender com a forma pela qual a natureza trabalha e trazer a mudança para a
nossa realidade, discutindo de que forma ela pode nos ajudar a pensar de uma
forma cada vez melhor, da mesma forma que ajudou nossos genes a construir
organismos cada vez mais complexos.
No campo da razão e do
pensamento, se definirmos que nosso objetivo é, por exemplo, buscar a verdade
sobre todas as coisas, podemos chegar à conclusão de que a mudança entre as
diversas linhas de pensamento existentes é a melhor maneira de atingirmos nosso
objetivo. Vejamos.
Imagine que no exemplo dado
anteriormente os genes pudessem pensar e decidir se têm uma mutação genética em
sua replicação ou não. Vamos supor também que seu objetivo fosse criar uma
estrutura complexa como o elefante, por exemplo. Um gene com apenas a
característica de se replicar, em busca deste objetivo tem, inicialmente,
apenas três escolhas: se replicar sem mutação, se replicar com mutação e não se
replicar. Aqui fica óbvio que, para atingir seu objetivo, a escolha correta é
se replicar com mutação, pois nos outros dois caminhos sabemos que as chances
de se formar um elefante são nulas.
Suponhamos que a cada mutação
feita, o gene aprende como fazê-la e, dali para frente, pode escolher fazê-la
novamente ou simplesmente continuar mutando aleatoriamente. Imaginemos que a
primeira mutação, realizada a partir da primeira decisão que ele tomou garantiu
uma cópia sua com mudanças estruturais que podem, em conjunto com muitos outros
genes, possibilitar a formação de tecidos, de peles, vasos sanguíneos etc.
Sabemos que para a formação de um ser como um elefante, é essencial que se
tenha diversos tipos de tecidos epiteliais, vasos sanguíneos entre outros.
Portanto esta mutação ocorreu na direção de seu objetivo, e por isto deve ser
refeita pelo gene, até que se tenha uma grande quantidade de genes com esta
característica. Entretanto, quando esta quantidade for atingida, o gene precisa
novamente escolher entre não se replicar, se replicar sem mutação, se replicar
com mutação ou se replicar com característica propensa a formação de tecidos.
Novamente, a replicação com
mutação é a melhor opção, a única que pode levar o gene de encontro a seu
objetivo. Suponhamos desta vez, para finalizarmos a ideia por trás deste
exemplo pictórico, que a mutação que o gene sofreu em sua replicação gerou uma
cópia sua com mudanças estruturais que podem, em conjunto com muitos outros
genes, possibilitar a formação de um sistema de respiração embaixo d’água, um
mecanismo orgânico de conversão de moléculas de água em moléculas de oxigênio.
Neste caso, a mutação genética foi na contramão de nossos objetivos, nos
levando a uma característica que não nos ajuda em nada em nosso objetivo, uma
vez que o elefante não respira embaixo d’água. Porém, e este é o ponto mais
importante aqui, ainda assim a opção de escolher o caminho da realização da
replicação com mutação continua sendo o melhor caminho, pois mesmo que haja uma
probabilidade igual de ser uma mutação “boa” ou uma mutação “ruim” para nossos
objetivos, ele é o único caminho que apresenta uma probabilidade diferente de
zero de nos levar à nossa realização final.
Trazendo para a nossa realidade, se
nosso objetivo final for buscar a verdade sobre todas as coisas como o
proposto, devemos escolher quais linhas de pensamento, dentre as centenas de
milhares existentes, que nos levam à verdade em cada aspecto do pensamento
humano. Suponhamos que, assim como os genes em nosso exemplo anterior,
comecemos nossa busca pelo nosso objetivo. Nossa característica inicial é nossa
bagagem cultural de pensamentos – linhas de pensamento e ideologias que nos são
passadas, desde que nascemos, através da cultura local e de nossos familiares.
Dessa forma, nossa escolha inicial, para cada uma das ideologias que temos
conosco, fica entre as opções:
1.
Continuar acreditando nesta linha de pensamento;
2.
Aceitar uma linha de pensamento contrária.
E, em um olhar mais amplo, visto
que nenhum ser humano é capaz de conhecer todas as linhas de pensamento que
existem:
1.
Continuar com o mesmo número de linhas de
pensamento;
2.
Procurar outras opções.
Dado que o número de ideologias e
linhas de pensamento tende ao infinito, fica fácil saber que, a probabilidade
de acertarmos na mosca, de termos conosco, sobretudo apenas pela bagagem
cultural e familiar, justamente as linhas de pensamento que nos levam à verdade
sobre tudo o que se pode pensar, é extremamente baixa, tendendo a zero, tanto
pela baixíssima quantidade com relação ao todo, quanto pelo fato de sequer
termos arbitrado sobre elas e suas opostas alguma vez.
Portanto, a opção de número dois,
a mudança, em ambos os casos, tanto na composição de nossas crenças e formas de
pensar quanto em sua quantidade, nos fornece sempre uma probabilidade maior de
nos levar ao nosso objetivo, de nos levar à verdade. E, exatamente como no
exemplo anterior, podemos concluir que, mesmo no caso onde mudarmos uma crença
“boa” por uma “ruim”, ou adicionarmos ao nosso conhecimento uma pensamentos
contendo inverdades, ao final, o caminho da mudança é sempre o melhor, pois
mesmo nestes casos, podemos mudar novamente e voltar atrás, retornando à
ideologia anterior ou eliminando a nova linha de pensamento. Se ele, assim como
eu, aprendeu isto observando a natureza ou não, não sabemos, mas não poderia
concordar mais com Raul Seixas: eu também prefiro ser essa metamorfose ambulante.
Música: https://www.youtube.com/watch?v=7VE6PNwmr9g.
Música: https://www.youtube.com/watch?v=7VE6PNwmr9g.
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